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O Poder das Cetonas

A eficiência metabólica não é apenas uma questão de energia disponível, mas sim de como essa energia é utilizada pelo corpo. Nesse sentido, as cetonas emergem como um combustível superior, não apenas por fornecerem mais energia por unidade de carbono, mas por garantirem um metabolismo mais eficiente e estável ao longo do tempo. A glicose, frequentemente vista como o principal substrato energético, apresenta limitações severas. Quando utilizada sem insulina, sua eficiência metabólica no tecido cardíaco é de apenas 10%. Mesmo com uma dose saturante de insulina, esse valor sobe para 28%, demonstrando que a glicose sozinha não é um combustível eficiente. Em contrapartida, quando corpos cetônicos estão disponíveis, a eficiência metabólica se mantém em níveis elevados, atingindo 25%, sem a necessidade da insulina. Isso significa que o metabolismo sob cetose é estável e não sofre as flutuações inerentes ao consumo de carboidratos, que alterna entre picos e quedas de energia. Além disso, a composição química das cetonas favorece um rendimento energético superior. O beta-hidroxibutirato (BHB) possui um calor de combustão de -1021 kJ/mol, enquanto a glicose apresenta apenas -933 kJ/mol, demonstrando que as cetonas liberam mais energia por unidade de substrato. Isso se traduz diretamente na capacidade do organismo de realizar trabalho biológico de forma mais eficiente, mantendo as "baterias celulares" – NADH, NADPH, Acetil-CoA e ATP – sempre carregadas e prontas para alimentar processos essenciais, como a produção de neurotransmissores. O impacto desse mecanismo vai além da simples produção de energia. Em indivíduos que seguem uma dieta rica em carboidratos, a resistência à insulina é quase inevitável. Estudos indicam que pelo menos 88% dos adultos americanos já apresentam algum grau de disfunção metabólica, resultando em uma queda na eficiência energética para níveis mínimos de 10%. Esse fenômeno, porém, não ocorre quando o metabolismo é orientado para o uso de cetonas. Mesmo com o envelhecimento e a progressão natural da resistência à insulina, a eficiência metabólica das cetonas se mantém em 25%, protegendo as células contra o declínio funcional e promovendo maior longevidade e resiliência. No nível bioquímico, essa vantagem se manifesta na produção otimizada de moléculas essenciais. A serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, depende diretamente do NADPH para sua síntese. Em cetose, a disponibilidade desse cofator energético é amplificada, garantindo uma produção mais eficiente de serotonina e, consequentemente, um impacto positivo na saúde mental e no equilíbrio emocional. Por fim, a cetose representa um verdadeiro avanço na forma como lidamos com a energia metabólica. Ela fornece um substrato energético mais eficiente, reduz a dependência de mecanismos regulatórios falhos (como a insulina), evita o colapso energético típico das dietas ricas em carboidratos e sustenta a vitalidade celular ao longo do tempo. Em um mundo onde a disfunção metabólica se tornou a norma, as cetonas aparecem não apenas como uma alternativa viável, mas como a solução ideal para um metabolismo otimizado, resiliente e duradouro. Referências: CHRISTOFFERSON, Travis. Ketones: the fourth fuel. Rapid City: Publicação Independente, 2020. 224 p. NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 7 Porto Alegre: Artmed, 2019, 1278 p. Araújo J, Cai J, Stevens J. Prevalence of Optimal Metabolic Health in American Adults: National Health and Nutrition Examination Survey 2009-2016. Metab Syndr Relat Disord. 2019 Feb;17(1):46-52. doi: 10.1089/met.2018.0105. Epub 2018 Nov 27. PMID: 30484738. O'Hearn M, Lauren BN, Wong JB, Kim DD, Mozaffarian D. Trends and Disparities in Cardiometabolic Health Among U.S. Adults, 1999-2018. J Am Coll Cardiol. 2022 Jul 12;80(2):138-151. doi: 10.1016/j.jacc.2022.04.046. PMID: 35798448; PMCID: PMC10475326.