"NÃO BASTA NÃO SER RACISTA. É PRECISO SER ANTI-RACISTA" | SUPER INDETECTÁVEL скачать в хорошем качестве

"NÃO BASTA NÃO SER RACISTA. É PRECISO SER ANTI-RACISTA" | SUPER INDETECTÁVEL

Eu sei que racismo não é exatamente o tema do canal, mas ele é sim um assunto transversal, uma vez que pessoas negras ainda são as mais afetadas e prejudicadas pela epidemia de aids. O motivo? Uma sociedade racista que lhes nega direitos básicos e que reforça as desigualdades. Mas eu não vim aqui para falar do HIV em negros. Vou convidar um amigo negro para fazer isso. Vim aqui para falar da origem da desigualdade que ainda desumaniza e mata pessoas que têm a pele negra. Esse vídeo foi também um desabafo. Um desabafo de um cara branco, que entende seus privilégios, que está tentando desconstruir as injustiças e que não quer ocupar o lugar de fala de ninguém, mas que deseja convidar respeitosamente seus compatriotas brancos a tentarem entender o porquê de ações tão extremas que têm acontecido nos últimos dias. Por favor, venham comigo! TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO: Vamos falar um pouco de História? O Brasil é o país que mais traficou negros em todo o mundo. Foram cerca de 5 milhões de pessoas trazidas do continente africano para o Brasil. Eles foram arrancados violentamente dos seus lares e trazidos para cá em navios apinhados de gente e carregados de doença e morte. Foram escravizados, explorados, desumanizados e mortos por séculos. Em um dado momento da nossa história, há cerca de 140 anos, os negros foram, então, "libertados" pela princesa Isabel. Porém, não houve nenhum tipo de auxílio ou apoio dado a essas pessoas. A absoluta maioria foi, simplesmente, expulsa das fazendas onde morava. Não tinham abrigo, nem dinheiro, nem trabalho, nem nada. Essas pessoas tiveram que se unir para conseguirem sobreviver. Formaram quilombos, comunidades, vilas, favelas. Quem era rico, continuava rico. Quem era pobre, continuava pobre. Quem era miserável, considerava miserável. Quem era negro, continuava sendo considerado sub-humano. Eles foram se amontoando onde dava. Trabalhando no que dava. Ganhando o que dava. E foi assim até os dias de hoje. Nossa sociedade racista se esforça para perpetuar essa desigualdade, porque é ela quem mantém nossos privilégios de pessoas brancas. É por conta dessa desigualdade que temos as melhores oportunidades, os melhores trabalhos, a melhor educação, a melhor saúde e os melhores salários. Negros continuam morando onde dá, trabalhando no que dá e ganhando o que dá. Eles ocupam, apesar de muito esforço, os mesmos lugares de antes. Eles estudam menos e recebem menos que nós brancos. A eles restou o que nós, brancos, descartamos, não queríamos ou queríamos menos. Ainda hoje, nossa sociedade continua desprezando pessoas pela cor da sua pele. E foi através de muita luta da comunidade negra que algumas desigualdades foram amenizadas, mas só um pouco. Cotas surgiram para tentar dar oportunidade a quem nunca a teve. Leis foram criadas para evitar que esses humanos sejam desumanizados. A luta deles por igualdade é uma guerra que parece não ter fim. Aí, então, eu chego aos Estados Unidos. A história dos negros estadunidenses não é muito diferente da nossa. Por isso, lhes afirmo que aquela explosão de ações eclodidas pela morte do George Floyd não é gratuita. É uma resposta à tentativa constante da nossa sociedade racista de mantê-los como sub-humanos. É um pedido de socorro diante de tanta injustiça. É a única maneira que eles encontraram para serem vistos, ouvidos e percebidos. Apoie-os, escute-os e ajude-os. Sabe quais suas reivindicações: que todos as pessoas que mataram, feriram, ofenderam ou cometeram crimes contra negros sejam julgados e punidos. É só isso. Não é muito, né? Por isso, antes de criticá-los, pense! Se você se considera justo, saiba que não basta não ser racista. É preciso ser anti-racista. E, parafraseando o grande poeta, "do rio que tudo arrasta se diz violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertold Brechet).