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O compositor musical mais desprezado de todos os tempos

Quando pensamos nos grandes nomes da música clássica, logo vêm à mente Mozart, Beethoven, Chopin. Mas existe um gênio que, apesar de ter escrito algumas das músicas mais comoventes e belas de todos os tempos, viveu quase anônimo, pobre, sem reconhecimento e sem uma casa própria. Ele é Franz Schubert, e neste vídeo eu quero te mostrar por que acredito que ele pode ser considerado o compositor mais desprezado (ou subestimado) de todos os tempos. ========== Se você está começando no piano ou quer aprofundar sua técnica, convido você a conhecer meu curso "Do Zero à Pour Elise". Lá, você vai encontrar um caminho estruturado para desenvolver sua técnica e musicalidade, feito especialmente para adultos se desenvolverem no piano. Aqui estão os detalhes: https://www.metodorealdepiano.com.br/... ========== Schubert morreu muito jovem, aos 31 anos. Mesmo assim, ele deixou uma obra gigantesca: mais de 600 canções, nove sinfonias (uma delas inacabada e outras esquecidas em gavetas), dezenas de quartetos, sonatas para piano e missas. E tudo isso sem ter cargos importantes, sem grandes viagens ou patrocínios estáveis. A vida dele foi um constante improviso, morando em quartos emprestados por amigos e vivendo de pequenas aulas de música, cercado por um círculo fiel de colegas artistas. É interessante pensar que, enquanto Bach era mestre de Capela, Mozart brilhava nos palcos de Viena e Beethoven se tornava um ícone revolucionário, Schubert viveu quase escondido. A maior parte dos seus trabalhos só foi publicada depois da sua morte. Ele chegou a ser aluno de Antonio Salieri (sim, o mesmo Salieri retratado no filme Amadeus como rival de Mozart). Enquanto Salieri escrevia óperas grandiosas, Schubert preferia a intimidade de um piano e uma voz. Apesar disso, Schubert era incrivelmente disciplinado. Ele compunha todos os dias, começando de manhã e chegando a fazer duas ou três canções por dia. Se Mozart revolucionou o concerto para piano e orquestra, e Beethoven as sinfonias, Schubert transformou completamente o gênero da canção (o Lied alemão). Ele não escrevia canções populares, mas sim músicas sobre poemas de grandes autores como Goethe e Schiller. Aos 17 anos, ele já tinha escrito "Gretchen am Spinnrade", inspirada no Fausto de Goethe, onde o piano imita a roda de fiar e a voz da cantora revela a angústia de uma jovem apaixonada. Em apenas três minutos, ele cria um pequeno teatro, mais intenso do que muita ópera inteira. É comum dizer que Schubert foi apenas um grande melodista, um compositor de pequenas canções. Isso é uma grande injustiça e um engano, pois, apesar de ter dominado muito bem esse gênero, suas obras de maior envergadura (como sinfonias, sonatas e quartetos) são cheias de inovações, surpresas e coisas maravilhosas. Um belo exemplo é a Sinfonia número 8, conhecida como "Inacabada", com apenas dois movimentos, mas uma densidade impressionante. O segredo de Schubert nessas peças maiores está na maneira como ele lida com o tempo. Ele não conduz a música como Beethoven, que avança como um arquiteto, organizando tudo de maneira muito lógica. Schubert deixa a música respirar, repetir, se transformar pouco a pouco, como se a gente se perdesse em um sonho. A humildade de Schubert não estava só na sua vida pessoal, mas também na sua música. Ele não escrevia para exibir técnica ou impressionar. Ele simplesmente oferecia a beleza, sempre contida, sempre nobre, sempre com uma certa descrição comedida. Depois da sua morte, várias de suas canções, como a "Serenata" do ciclo "Schwanengesang" (O Canto do Cisne), se tornaram muito conhecidas e amadas no mundo inteiro. É interessante também pensar que sua obra é maior em volume do que a de Mozart. Ele terminou sua nona sinfonia aos 29 anos, enquanto Beethoven, com a mesma idade, tinha apenas começado a Quinta Sinfonia. Ainda adolescente, Schubert já tinha escrito quartetos de cordas que podiam tranquilamente rivalizar com Haydn ou Mozart. Sua música para piano, que alguns pianistas olham com um pouco de desconfiança (como se fosse rudimentar), é na verdade tão maravilhosa que pavimentou o caminho para a obra de Chopin e Schumann, com seus Impromptus, Momentos Musicais e suas sonatas (especialmente as que ele escreveu mais tardiamente). Entre suas últimas obras está uma das minhas preferidas: a Sonata em Si bemol maior (D. 960). O segundo movimento dessa sonata é quase uma despedida de Schubert. O pianista André Schiff diz de maneira muito bonita que a melodia inicial parece o canto de alguém que já não tem mais força para cantar. Mas de repente, a música continua, e ele renasce, ressuscita ali no meio. ========== Entre em contato: Instagram:   / felipescagliusireal   E-mail: [email protected] ========== 00:00 O Subestimado 00:30 Vida no Improviso 01:17 Estilo 03:45 Tempo Diferente 08:05 Anti-exibição 09:43 Música Pra Piano 12:34 Pleno