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Meu canto libertador

Letra: Eu gosto de batucar, Minha energia é Orixá. Bato cabeça pra me benzer, E se perigo ocorrer, Sei que vão me proteger! Eles que são aqueles que tem consigo O elemento, a energia e axé. E se eu puder, com eles quero estar, Com pombagira quero girar e com Exu quero ser sábio. Como um caçador, caçar e saber a hora de esperar pra não ser caçado. Como uma bela cigana com seus mistérios, quero saber ler cartas, jogar baralho e decifrar segredos ocultos. Como um bom baiano quero festejar até o dia raiar, com minha saia a balançar pra lá e pra cá. Como um marinheiro no mar, quero navegar no azul de suas ondas, mamãe Yemanjá! Como uma criança risonha, quero espalhar alegria em quem eu tocar e falar:"Tia, tem doce pra eu?" Como um boiadeiro, que meu lajedo seja grande e único, e que em uma laçada só, o mal não escape. E como uma preta velha ou preto velho, saiba ter na língua uma resposta para acalentar o coração de quem minha ajuda pedir. Eu sou assim, sou um pouco de cada um, Cada um que exerce o bem, do próximo, do outro, do fulano. Não tô aqui pra brincar, muito mesmo pra sacanear. Como um malandro me disse:" é melhor ser sozinho do que mal-acompanhado." Com meu gingado desfaço demandas, com o meu molejo alegro pessoas, com minha voz aveludada encanto quem no meu caminho passar. Mas não é por mal que sou assim, desde que não seja pra magoar alguém e sim aproximar essa pessoa pra se enxergar pra si e ter outra visão. Este é o meu papel. Eu sou o ar que balança teus cabelos e, como uma voz silenciosa, te mostra qual caminho prosseguir. Eu sou a água que te limpa dos maus agouros, e que te banha para mais forte ficar, e assim minha proteção ter. Eu sou a terra que traz fertilidade para vc ter o que colher depois de plantar. E, por último, o fogo que te esquenta se caso frio vc passar, e trago uma energia imensa e quente para luta vc guerrear. Talvez vc pense que não haja ninguém com tamanho poder, eu te digo:"Existe sim, e somos nós mesmos." Aqueles que encaram a guerra de frente, aqueles que não deixam o mal consumir e que no peito fica a alegria de uma mais uma vitória prosseguir. Com ou sem ninguém, não deixar a solidão afligir. E saber que pra ter algo, precisa ter o tempo certo, pra saber dar mais valor pra coisas que não têm mais conserto. Meu batuque é minha fé, E meu canto, minha lança para quem ousar o dedo em mim encostar. Chega da intolerância de não poder ver o outro feliz. Feliz no batuque, feliz na reza, feliz na crença que tem. Nós somos um só e isso o que convém! Seja vc o que for, Dê amor a quem precisa, Diga não a intolerância religiosa.