ATUAÇÃO DAS MULHERES NA NEUROCIRURGIA - Treino e Trajetória - Março o Mês Dedicado às Mulheres. скачать в хорошем качестве

ATUAÇÃO DAS MULHERES NA NEUROCIRURGIA - Treino e Trajetória - Março o Mês Dedicado às Mulheres.

A Visão da Mulher sobre a Neurocirurgia como sua Profissão Sem dúvida a Neurocirurgia é uma especialidade de predominância masculina. As mulheres perfazem apenas 8% da população dos neurocirurgiões no Brasil. Existem imensos desafios em se escolher uma carreira cirúrgica sendo mulher. Isso se torna evidente depois do casamento e da chegada dos filhos. Mas, com determinação e extrema organização, é possível conciliar ambas as escolhas. Essa experiência em ser minoria realça a importância de assumir também um papel da educação acadêmica dos jovens neurocirurgiões e dividir experiência com as jovens neurocirurgiãs. Fui aluna da Escola Paulista de Medicina e da Faculdade de Medicina da USP onde a dominância era masculina. Notei que existe espaço para mulher cirurgiã desenvolver-se em sua plenitude, oferecendo uma sensibilidade feminina que os pacientes neurocirúrgicos precisam, e muitas vezes não recebiam nos moldes do passado. Optei pela Neurocirurgia Funcional e a Radiocirurgia, especialidades que me atraíram porque permitem abranger uma extensa gama de patologias e pacientes em todas as faixas etárias, desde crianças até aos idosos, ajudando-os a ter uma melhor qualidade de vida, a despeito da severidade das doenças que têm que vencer. Conseguimos fazer isso sem longas internações e mínima invasão do sistema nervoso do paciente. Durante o período de subespecialização em Neurocirurgia Funcional e Radiocirurgia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) tive oportunidade de conhecer mulheres fortes, não só na Neurocirurgia, mas também em especialidades cirúrgicas em geral. Lembro-me de um artigo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM), o qual li durante a minha pós-graduação, este demonstrava como as mulheres perfaziam metade ou mais do número total de médicos formados, porém representavam a absoluta minoria em posições de destaque, como Chefias de Departamento e número de publicações de impacto em revistas científicas. Esta aparente falta de liderança da mulher em medicina se deve ao fato que no momento de maior competição profissional para se galgar a carreira acadêmica, a mulher está constituindo sua família. Os filhos para a mulher tomam precedência sobre a profissão, enquanto para o homem não. Ao contrário, para o homem, o sucesso é medido somente pela sua prominência profissional. Apesar desta desvantagem, a presença feminina é bem mais evidente em algumas especialidades como pediatria e ginecologia-obstetrícia, especialidade nas quais as mulheres entendem naturalmente os pacientes melhor que os homens. Todavia, lentamente, vemos um aumento da presença feminina em subespecialidades cirúrgicas e na minha em específico, envolvendo Neurocirurgia Funcional e Radiocirurgia. A rotina que enfrento como Neurocirurgiã é bastante ocupada, pois tenho que me envolver com doenças extremamente sérias, como os Tumores Cerebrais, Malformações Artériovenosas, Cavernomas, Doença de Parkinson, Distonia, Epilepsia, Dor Crônica, e Tremores em geral. Ao lidar-se com assuntos tão sérios e sensíveis na vida das pessoas e suas famílias, acredito que a “fala mais feminina” é uma aliada da cirurgiã, em benefício do paciente. Mesmo com as demandas do trabalho clínico, a paixão pela pesquisa para melhorar o que podemos oferecer aos pacientes nos faz encontrar energia e tempo para desenvolvimento de tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos que os poupem de grandes riscos e longas internações, bem como de doenças que causam extremo sofrimento aos pacientes e suas famílias como nas doenças psiquiátricas, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), a Depressão e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ser Neurocirurgiã me trás plena felicidade, desfrutando da alegria que advém de ter o privilégio de poder ajudar as pessoas em momentos de extrema fragilidade. A empatia pelo sofrimento humano, aliada à competência e empenho para tratar os pacientes, não é premissa de nenhum gênero. A medicina é realmente uma profissão maravilhosa, tanto para as mulheres quanto para homens.