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Luiz Pacheco (1925 - 2008) 5 месяцев назад

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Luiz Pacheco (1925 - 2008)

LUIZ PACHECO: SAIU-NOS ESTA CARTA FORA DO BARALHO… Luiz Pacheco (1925 – 2008) tinha muita aptidão para a prosa. Para a vida é que não teve nenhuma. Nunca se pôs de acordo com ela. Porque não soube ou não quis… Foi sempre como foi e não outro que, talvez, pretendessem que tivesse sido. Foi um tipo livre, livre até ser libertino, até à abjeção. Nunca amochou. Arriscou-se a ser livre num período em que esse ato era severamente censurado e punido. Sem olhar a consequências. Pelava-se pela contradição, forçava-se mesmo à divergência. Tudo menos estagnar, alinhar em dogmatismos. Antes a inconformidade, a provocação, a insolência. Questionou e rejeitou tudo: normas, leis, sistemas, instituições, princípios éticos e estéticos. À moral e aos bons costumes fez um grande manguito. Repudiava o termo, mas o que é certo é que encaixou perfeitamente no perfil do “escritor maldito”. Tanto o que escreveu como o que viveu estiveram plenamente de acordo. Sujeito e predicado confluíram. Estilo “Pachecal” Luiz Pacheco possuía uma língua desenfreada, velhaca, incómoda, que não media as consequências de dizer o que REALMENTE pensava. Chegava a ser assustador. Era capaz dos maiores ataques e calúnias. De caras, chamando os bois pelos nomes, e cara-a-cara se necessário fosse. Não poupava ninguém e esteve-se sempre nas tintas para as conveniências: «Aliás, e quero declará-lo a quem o não souber ainda, sempre me considerei, como pessoa, como editor ou como escriba um franco-atirador, um cão sem coleira. Tirando daí todas as vantagens mas também muitos dissabores ou vice-versa: vantagens por vezes nenhumas, dissabores os que resultam de nos sabermos exilados no nosso próprio país, desacompanhados até dos nossos melhores amigos de infância. Mas a cada qual seu caminho e seus espinhos/calos.» Bibliografia Dedicou-se essencialmente a textos curtos e autobiográficos, com destaque para a diarística. Nesse ponto de vista, foi ele mesmo o seu principal e melhor biógrafo. Esta narração de si próprio não é indissociável da necessidade que sempre teve de encontrar um princípio de coerência e de linearidade na sua vida. É por isso que no seu caso estudar-lhe a obra é também estudar-lhe a vida. Uma e outra são inseparáveis. Deixou uma vasta (e rica) correspondência, nomeadamente a que trocou com Mário Cesariny, amigo surrealista do café “Gelo”, de quem se aproximou, com quem conviveu, a quem fez as críticas e acusações mais severas e com quem teve várias desavenças, até ao afastamento definitivo. Publicou folhetos e folhas volantes e muitos artigos em jornais e revistas. Um número significativo desses trabalhos foi sendo reunido e editado em alguns livros. Nunca escreveu um romance, alegando falta de disciplina e de tranquilidade, mas fez da sua vida um romance digno de ser contado e fez-se a si mesmo personagem romanesca excecional, quase única. Personagem principal, pois claro.

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